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Uma história de elevador


No “abre e fecha” e nos “altos e baixos” da minha vida conheci uma porção de pessoas. Interessantes? Talvez. Malucas? Sempre. Inconvenientes? Todas as sextas. Algumas deixavam marcas. Outras levavam marcas com elas.


Tinha ainda, aquela do 401 por exemplo, que vez ou outra colava em mim um bilhetinho. Carente? Tenho certeza. A primeira vez que ela pôs os pés em mim, nem morava aqui. Ela olhou para plaquinha de “sorria, você está sendo filmado”, e sorriu deliciosamente. Nunca mais a vi. Digo, nunca mais a vi por uns 4 anos, até que um dia ela apareceu apressada com uma mala na mão. Estava feliz e acenou freneticamente para a mesma plaquinha que sorriu deliciosamente um dia. Ela veio para ficar.


A garota sorriu por muitos dias consecutivos. Pessoas diferentes apareciam com ela toda semana.


Certo dia entrou bruscamente e nem me olhou nos olhos. Tudo bem. Ninguém é obrigado a sorrir o tempo todo.

Sumiu por uns 3 dias e voltou radiante com um penteado novo e um cara que em uma das dezenas de vezes que o vi por aqui colocou o dedo no nariz dela e a fez rir desesperadamente de uma forma que só ela sabe. Depois disso o cara sumiu e as risadas gostosas da garota do 401 também. Mas mesmo assim, na sexta ela apareceu bem bonita e 4 horas depois voltou destruída. Tudo bem. Tem situações que nos destroem mesmo.


Na segunda, estava abatida e sem maquiagem. Na terça, entrou gritando com alguém no telefone. Na quarta, passou batom e ajeitou o cabelo olhando para mim. Quinta, estava cantando uma música alegre. E na sexta, bem, na sexta apareceu com uma pilha de livros, mas sem nenhum sorriso ainda.


Era muito perceptível como seu temperamento era variável. Sorria e chorava constantemente. Ela olhava bem pra mim com aqueles olhos vermelhos e eu nunca sabia se era de chorar ou não. Teve uma época em que nada fez sentido e ela sentou no chão e abraçou os joelhos.


A vida é uma verdadeira loucura e eu vejo ela chicotear todo tipo de pessoa o tempo todo. Não tem como controlar esse fluxo. Os lugares em que você frequenta, as pessoas com quem você convive, diz muito sobre você. Eu sei bem. A garota do 401 era só mais uma entre um milhão de pessoas que entram e saem de um elevador sem perceber o impacto que pode causar. Os dias não se distinguem mais e muitas das vezes é como se você fosse programado. A bem da verdade, eu devo ser programado, sim. Aposto que ninguém nunca imaginou a quantidade de vidas que já vi passarem por aqui.



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