Escrever é uma necessidade fisiológica

Não sei exatamente como começar essa reflexão, mas garanto que não conseguirei expressar utilizando a formalidade acadêmica.

Eu decidi ver o filme "Meu ano em Nova York" e presumo que fiz a escolha certa. Esse filme é baseado no livro "My Salinger Year" e você pode ver na Netflix. Vale lembrar que a reflexão não é muito sobre o filme, mas sim, sobre subjetividade.

Gatilho 01. Em 5 minutos de filme e eu já me vi na garota. Talvez por querer viver em uma cidade movimentada, morar em apartamentos baratos e escrever em Cafés. Joanna é muito familiar mas também é um clichê. Clichês, ao meu ver, são bons. Assim como Jo, eu passei muito tempo da minha vida querendo ser escritora. Às vezes desconfio se algum dia desisti.

Gatilho 2. Não gosto de ler a sinopse do filme, então comecei a assistir sem saber exatamente o que era. Quando percebi que Salinger fazia parte da diegese, vibrei. Eu gosto muito de Salinger. Li 3 livros dele: o Apanhador, óbvio, Nove histórias e Franny e Zooey. Eu simplesmente amo a prosa de Jerry e entendo a obsessão dos fãs relatada no filme.

Pois bem, vamos ao gatilho 2. Eu tive um romance com um garoto que adorava Salinger. Passávamos horas falando sobre os livros. Sempre que vejo algo relacionado a esse autor meu coração bate rapidinho e depois sossega num sentimento de saudade. Nessa altura eu já estava em prantos, no entanto, culpei a TPM. Foi pensando nisso tudo que cheguei na conclusão um tanto óbvia: Não podemos nos esquivar da subjetividade. Nunca. E isso é um problema tanto científico quanto pessoal, pelo menos para mim.

O mesmo filme pode ter sido apenas um filme para milhares de pessoas, mas para mim não, o significado é subjetivo justamente pelas memórias que pude ativar.

Escrever é uma necessidade fisiológica pra mim. Assim como era pra Salinger, ou para seus fãs. Escrever é uma forma de confortar a existência e organizar as perguntas, já que sabemos que dificilmente encontraremos as respostas.