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Terraço do Café à Noite




Ele escolheu a mesa perto da janela por onde entrava alguns raios de sol e dava para ver a cidade. Estava com uma camisa xadrez de botões, levemente amassada nas costas e com cheiro de amaciante Comfort. O cabelo estava crescido e desgrenhado e a barba por fazer, como sempre, no entanto, bem hidratada com o hidratante cheirinho de canela.

No momento que se sentou e descançou os braços sobre a mesa e olhou para o grande e iluminado Terraço do Café à Noite, do Van Gogh, que ficava na parede logo a sua frente, sorriu como se tivesse lembrado de alguma coisa. Muitas lembranças devem caber num sorriso involuntário daqueles. Olhou o cardápio, mas pareceu não ler nada e chamou um funcionário imediatamente, fez seu pedido, o de sempre, com certeza, agradeceu com seu sorrisinho de criança e olhou preocupado para a porta. Olhava para o celular e ás vezes para o relógio de pulso, massegeava o cabelo e em seguida a barba. Descançava o rosto em um dos braços escorados na mesa e fixava os olhos em algum ponto da decoração. O expresso duplo chegou acompanho de uma taça com água com gás. Trocou algumas palavras com o garçom e relaxou novamente os braços sobre a mesa. Bebericava o expresso e em seguida a água, como se não suportasse o gosto amargo do café, mas mesmo assim não desistia de tentar.


Não dava para saber se estava ali matando o tempo ou esperando alguém. Pôs uma das mãos no bolso e respirou aliviado como se estivesse guardando um tesouro. Continuou com a mão ali no bolso até que quase despercebidamente uma moça pouxou uma das cadeiras da mesa e se sentou. Não era bonita, dentro dos conceitos de beleza grega, o rosto não era harmônico e quando sorriu, tive certeza que harmonia facial era uma coisa que não possuia. Olhos grandes e espaçados, sobrancelhas marcantes e boca e nariz desproporcionais. Cabelo longo sem corte, penteado apenas pela manhã, já eram 16 horas. Os dedos das mãos eram cumpridos e finos, unhas sem esmalte e um anel solitário no dedo anelar da mão esquerda. O homem acariciou aquela mão feia e provavelmente gélida. Estava apaixonado, não havia dúvidas.





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